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Análise: The Matrix – Path of Neo

“O Matrix é como um speedrun do Mario 64.”

João Pontes, 2013

Tal como os anos 80 podem ser facilmente representados com Twisted Sister e Miami Vice (ver: GTA Vice City), também a década de 2000 proclamou a saga do Matrix como “uma coisa da época”. Apesar disto, a Shiny decidiu lançar uma sequela para Enter the Matrix no longínquo ano de 2005.

Nunca joguei ao Enter the Matrix. A noção geral  da coisa é que não é exactamente o jogo mais polido… Mas a possibilidade de jogar com Neo numa sequela era muito tentadora para largar o conceito.

Na altura de lançamento de Enter the Matrix, a Shiny já não estava nos seus melhores dias. Já iam longe os sucessos de Earthworm Jim e MDK e esta nova geração de consolas, com os seus custos acrescidos, não estava a facilitar nada as coisas. Felizmente, a Shiny conseguiu um contracto lucrativo com a Warner Brothers e os super irmãos Wachowski, mesmo a tempo de salvar o traseiro. Infelizmente, as coisas não correram da melhor maneira e, apesar de ser um sucesso em termos de vendas, a marca do polimento habitual da Shiny foi trocada por um jogo obviamente inacabado (segundo me dizem).

Será Path of Neo, o quarto grande beat’em up de 2005? Será o Tal?

Groovy.

Groovy.

Trinity, Help!

Path of Neo não começa bem. As impressões iniciais levam a pensar que a Shiny continua a não ter o controlo total sobre as coisas. À falta de um budget maior, o típico esforço para puxar dos limites das consolas de 128 bits foi trocado por conveniência. Mau agouro ou não, a Shiny manteve-se com o motor de jogo de Enter the Matrix, e nota-se.

Se estão habituados ao polimento de jogos mais recentes, Path of Neo vai vos saber a um café depois de um gelado.

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Whoa.

Metáforas estúpidas à parte, em termos gráficos, PON é uma besta estranha. Por um lado, a sequela de Enter the Matrix é um jogo divertido, mas que sofre de uma falta de polimento digna de um Sonic Adventure (que nesses termos é mesmo uma pérola dos anos 90), ou seja, vão se sentir imparáveis até irem contra uma parede.

Por outro lado, a Shiny, sabendo que ia remar contra a maré e fazer má figura frente a lindos jogos como God of War ou Devil May Cry 3, tentou puxar ao máximo do seu velhinho motor de jogo e implementou alguns efeitos gráficos em Path of Neo que não se viam, na altura, em mais lado nenhum, infelizmente mantendo na mesma os bugs.

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Whoa.

Dodge This

Tal como já tinha dito antes, Path of Neo é um jogo divertido. Antes de o poder jogar na minha Xbox completei-o todinho na casa do meu irmão, ficando apenas desapontado com o boss final, que nem é intimidante, nem se parece muito com o Mr. Smith.

O sistema de luta de Path of Neo é surpreendentemente complexo e fácil de se executar, dando ao jogo um balanço perfeito entre hack’n’slash satisfatório e beat’em up complexo. Os combos são facilmente ligados e ataques extremamente cool são também extremamente simples, já para nem falar de certos movimentos escondidos que podem descobrir de modo a recriar mais fielmente o asskicking dos filmes.

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No entanto, o budget volta a atacar e várias cenas icónicas do filme são aqui recriadas com uma banda sonora diferente (como puderam!) e a cena dos múltiplos Smiths não tem, realmente, mais que 7 agentes prontos a levar pancada ao mesmo tempo. Claro que lidar com mais de uma dúzia deles a cada momento seria complicado, mas a combinação de música diferente (como puderam?) e Smiths de cartão no fundo deixa qualquer um ligeiramente devastado.

Mas não deixem que isso vos impeça de desfrutar do combate no jogo. Podem não poder deitá-los abaixo como pinos de bowling tal como no filme, mas ainda se podem divertir imenso a juntar combos em slow motion. Quando funciona é divertido.

Whoa.

Whoa.

Tal como em tudo o resto neste jogo, os controlos são uma tentativa de fazer muito com pouco. As cenas de luta funcionam bem, mas a partir do momento em que pegam nas armas as coisas ficam ligeiramente caóticas de mais. Não é nada que não se possa resolver com uns minutos de habituação, mas pode fazer um pouco de confusão.

Pessoalmente, eu já joguei vezes o suficiente a este jogo para contrair o síndroma SEGA. Este é o mesmo fenómeno que me fez superar os glitches do Sonic Adventure e os controlos do Jet Set Radio. E porquê? Porque são jogos divertidos, apesar de tudo (ok, o Sonic ganha mais pelos speedruns e pela música, ninguém faz música como a SEGA).

Para variar, acabo mais um artigo com uma carta de amor à SEGA. Nada de novo aqui portanto. Move along e boas férias!

Deixem-me finalizar com uma irónica imagem de um posto de trabalho.

Deixem-me finalizar com uma irónica imagem de um posto de trabalho.

(Áh, e por amor de Deus, não toquem na versão de PC. Eu sei que custa para quem não tem consolas, mas os controlos e os gráficos estão atrofiados. O melhor a fazerem se quiserem experimentar é criar uma configuração de comando no Xpadder, abrir o jogo, fazer Alt+Tab, só agora ligar o comando (de modo a evitar que o jogo o reconheça e mude os botões) e depois jogar com a configuração do Xpadder.)

2 comments on “Análise: The Matrix – Path of Neo

  1. Na altura adorei o 1º filme mas rapidamente a febre passou. Nunca joguei nenhum Matrix, o mais próximo que tive foi num natal em que me ofereceram o Shogun: Total War, no entanto já o tinha e fui à Fnac para ver se podiam trocar por outro jogo com o mesmo valor. O escolhido foi o Enter the Matrix mas quando lá cheguei disseram-me que afinal não dava sem o selo que vinha colado no celofane do Shogun. O celofane já estava no lixo. Nunca joguei Enter the Matrix.

    • O primeiro filme é o que se aguenta melhor mas o segundo tem também boas cenas de acção (aquela perseguição na auto-estrada é fantástica).

      Ainda não tive coragem para experimentar o Enter the Matrix mas se fores um fã de hack’n’slashers tipo DMC com montes de combos o Path of Neo é bastante decente.

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